Quando fiz vinte.

by - 4.3.13

E no dia quatro de março de mil novecentos e noventa e três nascia o bebê mais esperado e inesperado que minha família teria noticias. O bebê de ouro, como fui denominada.

A criança que todos sonhavam em ver e que tinham a certeza que jamais veriam. Filha daquela que servia como alicerce da família, da responsável e guerreira, daquela que percorreu os caminhos certos e que fez de sua vida a melhor possível. Daquela que cresceu e decidiu que não jogaria a vida no lixo e que viveria as dores e alegrias sempre com um sorriso no rosto. Filha de uma mulher de fibra, que sabia melhor do que ninguém como cuidar e criar um filho mas, que de acordo com os médicos, jamais seria mãe.

Naquela quinta-feira chuvosa nascera o bebê que já carregava consigo a pressão de ser tão boa e, por que não dizer, melhor do que a mãe. Aquela criança que era vista como um milagre e que seria o cristal da família. Aquela em que todos apostavam todas as fichas e que diziam "essa menina vai longe". Aquela que nasceu abençoada, desejada e querida. A que decidiu carregar o fardo e provar que poderia sim ser tudo aquilo que esperavam dela.



Vinte anos depois, aqui estou eu... Num inverno congelante do norte da Virginia, realizando um dos meus grandes sonhos e me preparando para realizar todos os outros.

Posso parecer arrogante e talvez um tanto quanto desumilde mas, tudo o que conquistei em vinte anos é mais do que muitas pessoas conseguiram em uma vida. 
Não conquistei sozinha, isso jamais seria possível sozinha mas, me dou os créditos por grande parte de tudo isso.

Quando fiz vinte já tinha completado os estudos obrigatórios e feito dois anos de direito. Já tinha morado um ano sozinha e encarava o segundo intercambio. Já falava duas línguas e arranhava a terceira.
Já havia encarado a recepção de um hostel e um departamento jurídico em uma empresa de segurança. Já havia estudado teatro, dança, subido nos palcos diversas vezes e "brincado" em frente às câmeras.

Já carregava comigo uma carteira de motorista, um passaporte e três vistos. Já tinha lutado para ter permissão para sair do país antes dos 18 e estava no quarto mês nos EUA. Havia desistido de uma vida de salto, roupas formais e "respeito" por tênis, moletom e mamadeiras. Já havia deixado meu país e minha vida de aprendizados jurídicos para ser "babá" em um país estrangeiro. E mostrado à pessoa mais importante o caminho que desejaria seguir.

Havia sobrevivido a uma doença desconhecia, um tratamento em um hemocentro e ao ensino médio. Já havia mudado de casa pelo menos umas vinte vezes, feito quatro tatuagens e carregava comigo o que há de mais importante na vida. 

Quando fiz vinte eu sabia quem eu era e o que queria e tinha o apoio de quem importava e a garra de querer ir atrás.

Devo isso àqueles que me apoiaram e que apostaram em mim, à mulher guerreira que tenho a honra de chamar de mãe e à equipe de apoio que me orgulho de chamar de família.

E o mais louco de completar vinte anos é saber que eu já fiz muito na vida e ainda tenho muito o que fazer. São só vinte anos! 
Ainda neste meu ano que se inicia hoje, viverei coisas que só me amadurecerão, realizarei muitos sonhos, voltarei para o meu país e me mudarei de casa novamente.

Voltarei para os braços da minha mãe e para as artes que eu sempre tanto amei, mudarei o rumo da minha vida e vou me expor para poder alcançar minhas metas. Por que sei que é preciso se arriscar para viver o seu sonho e por acreditar que há mais na vida do que apenas viver


Eu tenho vinte anos e uma vida pela frente!




























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2 comentários

  1. Obrigada pela parte que me toca mas vc nasceu para vencer sempre te digo não quero que seja a melhor quero que saiba o que esta fazendo se respeitando,conte comigo sempre tem meu apoio em 500 por cento estou aqui pro que der e vier.Fique bem te amo
    Sua mãe

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  2. Ah mãe, a senhora tem culpa em 85% das minhas vitórias. Obrigada por tudo, eu jamais conseguiria sem o seu apoio. Eu te amo demais!!

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